quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Entrevista com os missionários Vivek e Márcia Dass Pastor ''''indiano e sua esposa brasileira falam sobre a obra de Deus na Índia'''

Há 12 anos na Índia, a missionária Márcia Dass, da Assembleia de Deus em Uberlândia (MG), tem desenvolvido com seu marido, o pastor indiano Vivek Dass, um belo trabalho através da ONG Raise of Banner, fundada por Márcia e inspirada no texto de Isaías 60.1,2. 

Pastor Vivek e irmã Márcia são casados há 8 anos e têm dois filhos: Mishael, 6 anos, e Aysha, 3 anos. Eles congregam em uma igreja na cidade de Dehradun, no Estado de Utarakhand, norte da Índia, a 280km da capital Deli. Nesta entrevista, eles falam sobre o trabalho que têm desenvolvido naquele país e o atual contexto religioso na Índia. 



Irmã Márcia, como aconteceu sua ida para trabalhar na Índia?


Foi no Rio de Janeiro que Deus falou comigo. Ele me disse que no momento certo isso iria acontecer.

Eu pensava em quem eu era, a família a qual eu pertencia, o país onde morava; imaginava que isso jamais pudesse acontecer. Depois que estive no Rio de Janeiro estudando na Emad (Escola de Missões da Assembleia de Deus), voltei para Minas Gerais, de onde sou, e esperei três anos para as coisas se cumprirem. Meu pensamento inicial era ir para o Peru, isso no ano 2000. 

Como foi sua adaptação na Índia?


Houve bastante dificuldade, pois a Índia é um país de povo, língua e cultura totalmente diferentes.

O fato de estar sabendo que onde eu me encontrava era o lugar que Deus havia me chamado para estar me deu muita força para poder me adaptar. A convivência com as pessoas de lá é muito boa, eles são muito amorosos, muito hospitaleiros. Isso também ajudou muito na minha adaptação. 

Como é o trabalho de vocês no país?

Atualmente, nós trabalhamos com uma ONG e por meio dela desenvolvemos algumas atividades.

Começamos um trabalho com crianças abandonadas pelos pais por questões de discriminação pelo sexo feminino, e cuidamos hoje de seis meninas em nosso orfanato. Muitas mães, por não terem condições, e acharem que não vale muito a pena, naquele contexto em que vivem, criar uma filha menina, as abandonam. Trabalhamos também com os obreiros nativos, levando-os à conscientização de que também precisam cumprir o “Ide” do Senhor, entregando suas vidas ao serviço do Reino de Deus. 

Pastor Vivek, conte-nos a história do seu chamado para o ministério?

 Nasci em um lar cristão, cantava no coral da igreja, mas não conhecia a Jesus, não tinha um relacionamento com Ele. Eu frequentava a igreja aos domingos, mas levava a vida da maneira que achava estar correto. Certo dia, algo transformou a minha vida. Estava acontecendo uma cruzada evangelística em nossa cidade e como eu cantava no coral da igreja, estávamos ali para cantar.

Um dos pregadores, após pregar, fez o apelo para as pessoas aceitarem Jesus. Durante aquele apelo ele convidou as pessoas que se sentiam possessas por demônios, pois ele cria que Jesus as libertaria naquela noite. Como membros do coral, a nossa tarefa era chegar até onde estavam aquelas pessoas que vinham à frente e entregar a elas um exemplar do Novo Testamento ou um folheto. Então, o pregador começou a orar pelas pessoas ali da frente e quando ele disse “Em nome de Jesus, eu expulso os demônios”, duas mulheres que estavam ali, uma do meu lado direito e outra do lado esquerdo, caíram no chão e foram libertas naquele momento. Logo após essa experiência, entendi que o nome de Jesus era muito mais poderoso do que eu imaginava ou estava habituado a ouvir e entreguei-me a Cristo. A minha chamada aconteceu quando o Senhor falou comigo através do texto de Mateus 28.16 a 20 e em Atos 1.8. Essas passagens falam de nós sermos testemunhas entre as nações. Eu senti o chamado de Deus através desses textos e foi algo tão forte que eu não pude resistir. Senti que o Senhor me chamava para as nações, para ser seu ministro, sua testemunha, não apenas na Índia, mas em todo o mundo.

Como é a igreja na Índia? 

As pessoas têm curiosidade de saber como é a igreja na Índia. Muitos devem saber que lá 80% das pessoas são hindus e 12% são muçulmanos, e os números oficiais dizem que há pouco mais de 2% de cristãos na Índia. Quando nós olhamos essa porcentagem, realmente parece ser um número pequeno. Mas, se lembrarmos do tamanho da população da Índia, esses 2,6% são muita gente. Outro detalhe é que há muito mais cristãos no país mas esses números não são mostrados oficialmente pelo governo. De acordo com as pesquisas cristãs, nós somos cerca de 5,6% da população. É até impossível chegar a um número exato, devido a ter um número muito grande de pessoas que já aceitou a Jesus, mas teme falar publicamente por questões de segurança. A Índia tem igrejas grandes, algumas com 10 mil, 12mil membros. É muito comum encontramos lá igrejas com mil ou dois mil membros. Na cidade onde moramos, há igrejas com 1,5 mil membros. Temos igrejas grandes, mas também temos igrejas que se reúnem em casas. 

Onde ocorre a maior perseguição aos cristãos na Índia?

Existem alguns Estados que têm uma lei anticonversão. Nesses lugares, você pode ser cristão, mas não pode induzir ninguém à conversão. Isso ocorre no sul e no noroeste do país. Na região norte, estão os maiores centros de perseguição e o maior número de hindus e muçulmanos também. Então, ainda que haja uma liberdade religiosa na Constituição da Índia, pois ele é um país democrático, a perseguição acontece de forma local pela existência majoritária das pessoas dessas outras religiões na região. Não é perseguição por lei, mas por causa do costume religioso da região. Na Índia, a maior perseguição vem por parte dos hindus, pois apesar do islã ser a segunda maior comunidade religiosa no país, eles também são minoria.

Compartilhem conosco o testemunho de algum irmão que sofreu perseguição, mas permanece firme servindo a Jesus. 

Um pastor amigo nosso foi espancado por causa do nome de Jesus, pois os membros da sua igreja, em sua maioria, eram de famílias hindus e eles não aceitavam tal influência do líder sobre os seus familiares. Essa perseguição resultou em algo positivo para o Evangelho. Esses parentes foram à mídia e os membros da igreja foram procurados pelos jornalistas para explicar o que estava acontecendo. Eles disseram: “Nós não estamos sendo comprados” - era disso que acusavam o pastor -, “somos cristãos porque conhecemos e experimentamos o amor de Jesus”. 

A intenção era oprimir o trabalho de Deus, mas, na verdade, o que aconteceu foi que o Evangelho passou a se expandir ainda mais por meio da divulgação desses testemunho nos jornais.

Que mensagem vocês deixam para a igreja no Brasil? 

Admiramos a maneira como a igreja brasileira tem crescido no Senhor e o impacto que esta igreja tem causado no mundo inteiro. Minha oração é que a igreja nesta nação continue crescendo mais ainda, sem se esquecer de andar sempre na presença do Senhor e desejar a Sua presença mais do que qualquer outra coisa. Amemos ao Senhor de toda a nossa força e de todo o nosso coração. 


Mensageiro da Paz - Número 1539 - agosto de 2013, CPAD
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